O lençol escuro, aos poucos, vai cobrindo a grande cama.
As luzes do extenso palco, uma a uma, vão sendo acessas.
Camarins e igrejas improvisadas surgem das esquinas mais ermas.
Os sinais sonoros dos motores excitados anunciam o início do primeiro ato.
Abrem-se como cortinas e acomodam-se em qualquer tablado.
Morenas que se fazem de Marias, loiras que viram Joanas.
Com a bolsa à tira colo e um cigarro na mão direita
Choram, riem, bebem da bebida amarga.
Encenam e vendem seus mais maculados mistérios
Para uma tórrida platéia afoita por veleidade.
Atrizes circenses que se equilibram no picadeiro
E em altas plataformas.
Atrizes do asfalto que sobre o meio fio
Fazem vidas e a vida e aguardam ansiosas
Pelo início do segundo ato.
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