quarta-feira, 28 de outubro de 2009

"O não meu"


Foi naquele momento que eu percebi...
O que havia do meu lado e eu nunca tinha tocado.

Mesmo sendo disforme, coisa difícil de perceber e enxergar.
Presença suave como o tempo e forte como a idade.

É claro que pelo significado se trata de alguém.
Presença serena e evidente.

Evidente mas difícil de se ver.
Meus olhos só vêem aquilo que querem.

Mesmo estando acostumado com essa presença;
ela sempre tão nova, tão estranha e intangível.

O outro, o amor, o não meu.

Embora eu a sentisse quase nada mudou.
A areia continuava caindo incessantementete pela ampulheta.

Havia algumas noites em que eu necessitava ouvir
qualquer coisa que naquele exato momento não fosse eu.

E apesar dos meus olhos só verem aquilo que querem,
era como uma música ao longe.

Manhãs geladas, algumas caminhadas, embora eu nunca olhasse para trás;
Ela absorvia toda a minha respiração...

Foi naquele momento que eu percebi...
O que havia do meu lado e eu nunca tinha tocado.

Presença serena e evidente.
Transparente e refletora de imagens.

Uma barreira que não permitia que nenhum alumbramento destampasse os meus
olhos só para que eu pudesse ver:

O outro, o amor, o não meu.

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