segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Programa Toque de Poesia:Vera Casa Nova recita George Vallestero




Os poemas "Tatuagem" e "Os outros" são de autoria de George Vallestero e foram lidos no programa Toque de Poesia da fantástica professora Vera Casa Nova.
Todas as fotos usadas no vídeo são de autoria de George Vallestero,exceto as fotos da professora Vera Casa Nova e Rosaly Senra que foram adquiridas na internet.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Descompasso


Tic-tac...
Tic- tac...
Tic- tac...
Pesa sobre a razão, antigas provocações
que nem o tempo sagaz pode apagar.
Em lágrimas que ainda brilham
rios de tintas não foram esquecidos.
Cores fortes e provocantes
desafiam a melodia do tempo.
Tic- tac- tic.
Tic- tac- tac.
Tac- tac- tac...
Reflete sobre a razão, formas provocantes
que nem os olhos mais ajuizados podem evitar.
Em arcos que não se quebram
o suor do desejo ainda existe.
Correntes e pedras brilhantes
embalam os passos lentos do tempo.
Tictictactactactictic.....

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Inquietações ou qualquer bobagem


Já não caibo mais dentro de mim.
Sinto-me preso mesmo sabendo que moro do outro lado da rua.
A chave do cadeado desapareceu e o que ficou foram apenas alguns versos livres.
Vestígios de um regozijo quase atroz que acinzentam o meu firmamento.
Há tempos não chove...
Mas faz calor, muito calor.
O suor às vezes se mistura com as lágrimas.
Mas no fundo, não faz muita diferença.
É tudo água.
Vai passar...
Pego-me balbuciando um vocativo qualquer.
Talvez esteja querendo te chamar.
Pero tu nombre
Yo quiero olvidar.
O papel e a caneta.
Ontem podíamos...
Hoje, os "erros" são corrigidos automaticamente.
Saudades daquele fevereiro.
O equinócio das folhas amareladas já não é mais uma boa nova.
Bem aventurado é o verso livre.
A menina dos olhos da inquietação.
Sem fundo ou forma exata,sem moldes anacrônicos.
Falar de tudo e todos sem o pudor de contradizer toda a métrica,toda retórica,apenas dizer...
Dialogar com um eu, com um tu, com você.
Trazer várias vozes para essa trama, para esse drama.
Escrever vários nomes ao léu.
Pero tu nombre.
Yo quiero olvidar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais uma dose.


Em algumas noites estou na primeira pessoa do plural.
Em outras, na primeira do singular. Perco-me em meio a minha voz.
Às vezes acompanhada, às vezes não.
Nas bordas do circulo de vidro saio do meu normal habitual.
Minha garganta refrescada, meus sentidos aguçados.
Palavras que brotam do nada e para nada.
É preciso mais uma dose!
Minhas mãos solitárias seguram o cigarro que escreve a inicial do seu nome no ar.
É preciso mais uma dose!
Algumas noites são impares.
Algumas mãos não.
Pelo menos por enquanto ou quem sabe até o sol chegar.
É preciso mais uma dose!
Para ordenar a seqüência dos pensamentos.
Para justificar a necessidade de falar.
Em algumas noites estou monocromático.
Em outras, estou com o pote de ouro nas mãos.
Encarno personagens um tanto improváveis para certos meses do ano.
Que mal há em querer presentear todos com um alguém?
É preciso mais uma dose!
Ninguém compreende minhas lágrimas na hora da novela.
Mas todos fecham os olhos para as tragédias que aparecem no jornal.
Deve ser por isso que na maioria das vezes eu prefira anular o plural.
É preciso mais uma dose?

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ruínas vivas.


Ruínas vivas de um ser.
Vozes distantes que incomodam o que sobrou da torre do castelo.
Não há mais rei nem rainha.
As cartas foram todas rasgadas.
O musgo tomou conta dos contornos do picadeiro.
Não há mais platéia nem aplausos.
A cortina já se fechou.
E o que resta agora são ruínas.
Ruínas vivas que sufocam.
Não há mais espetáculo.
O que sobrou foi apenas o “sim senhor”.
Senhor dos dias.
Da dor latente, incessante que não pensa em prescrever.
Sim senhor!
A cortina já se fechou...
E o que paira é apenas o que sobrou do ser.
Ruínas...
Ruínas vivas que sufocam
Que apaziguam e atormentam o ser.
Uma dupla negação.
Que constrói destruindo o que sobrou das ruínas.
Que transpõe a razão e retorna a gênese linear.
Lógica ou sentido para a errância do vir a ser.
Abertura, não velamento.
O espaço de jogo do tempo abre-se para busca de um lugar.
Irreal, metafísico ou quem sabe sem dor.
Para assim transgredir as imposições do sim senhor.
E tentar reconstruir o que sobrou das ruínas vivas de um ser.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O seu vento.


O seu vento...
Uma arma perigosa apontada para o infinito.
Que leva tudo que não é factual
Que transpõem toda a não percepção que paira no ar.
O seu vento ou quem sabe o seu medo.
Personagem caricato, quase onipresente.
Que faz poeira do pó.
Que leva embora seus fantasmas e desejos.
O seu medo.
Sagrado e profano.
Cultivado no silêncio.
O seu vento, déspota da razão, um fio condutor para o além do ser.
Raras são às vezes em que a distância conforta a ausência das palavras.
Qual a razão para quereres a praça, minimizar o macrocôsmico e criar um infinito limitado pelos seus medos?
_ O seu vento!
Que faz poeira do pó.
Que vaza pelos seus dedos.
Como conter o tempo?
Doce ilusão...
Só resta o medo.
Um viés para o seu vento.
Que leva tudo que é alegórico.
Que mistura todos os sentidos.
Uma irônica sinestesia.
O seu vento!