quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Maquinaria poética



Ao longe se via
Uma silhueta disforme
Encostada nos pilares de um vestíbulo.

No crepúsculo de um dia tedioso
Um passadio repleno
Para maquinar e entreter o vazio do existir:

Insinuando-se no limiar
Entre o íntimo e o externo
Uma sombra de pólvora
Com suas grenhas de leão
Sorve todos os que aventuram
Decifrá-la.

Seus olhos no espelho
Um recinto insueto.

Seu amplexo terno e apertado
Seduz e induz os tolos enamorados
A perderem a lucidez.

Suas pernas pequenas, arteiras
Andam, engatinham e logram
Qualquer Édipo ou Rei.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Em liberdade














Por entre os interstícios
Da austera Persona,
Olhos lassos alforriavam
Brincos-de-princesa.

Um dia tirado das mãos,
Inerte, mirando a outra sem alma.
Uma efígie pitoresca,
Porém, recusada.

A arma pesada,
Arremessou-a num canto qualquer.
O uniforme apertado,
Rasgou-o ainda no próprio corpo.

A víscera, agora desnuda
Dos ornatos aguerridos, acompanhava
Ritmada o ruído dos pés descalços.

O semblante liberto,
De ser aquele ser, ansiava poder
Apenas ser...

Podia adejar,
Mas preferiu andar.