domingo, 31 de março de 2013

Eu fico meu!



Eu penso em várias cores, em vários tons,
Em máscaras!
Eu sonho em várias línguas, em vários gostos,
Em lágrimas!
Eu fico fosco em várias noites,
Eu fico lusco em várias rimas.
Eu fico louco por tão pouco
Eu fico pouco por tão louco.
Eu fico assim
Tão perto de mim.
Eu fico mim
Tão perto de assim.
Eu fico meu entre três noites
Sem luz.
Eu fico eu no espelho do banheiro.
Eu fico verso e reverso.
Convexo e converso
Com Deus.

terça-feira, 26 de março de 2013

Meros mortais



Avassalador!
Sublime sentimento
Que abalou nossos eus.
Mas não éramos Deuses
Para tal regozijo.
Éramos apenas meros mortais...
Oh Orpheu!clamei por tua Lira,
Sussurrei tua melodia!
Quis, também, enfrentar os leões,
Atravessar os muros
Dos Campos Elísios,
Resgatar a Vida
Do fogo contínuo,
Mas olhei para trás
E cristalizei o Coração Meu
Em terras distantes.
Perdi-me nas lágrimas e nas reminiscências
Do meu idílio.
Cindi-me em meio
A impossibilidade
De perdurar o infinito.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Ecos distantes...



Ecos distantes...
Viajantes recordando
Caminhos e estações.
Não foi por acaso:
Festa, religião e cidade.
Sons para se lembrar desse outono.
Meditações que viajam no ar
Num fio mágico
Como a brisa serene que não leva, mas traz
Memórias, sabores e cheiros.
Como a tarde que arrasta
E se acomoda
Entre as cinzas e o cinzeiro.
Uma música de apenas uma nota  
Que oscila prenuncia as novas
Que chegam e quebram o silêncio,
Ativam o desejo
De imaginar e me apropriar
De histórias e retratos  que eu não moldurei.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Coração Polifônico




Atemporal.
Ausente no tempo presente,
Atrelado nos resquícios do vivido.

Impérvio.
Sem interstícios ou fecho,
Cosido nas reminiscências do perdido.

Com os olhos fechados...
Uma silhueta desaparecida.
Com o corpo coberto...
Uma fragrância esquecida.

Coração polifônico...
Fotográfico, arqueólogo, escritor.

Dialógico.
Em constante contato
Com inconstantes sentimentos.

Onírico.
Em busca de algum lugar
Com outras melodias.

De cabeça levantada...
Uma voz olvidada.
De braços abertos...
Uma impressão idílica.

Coração polifônico
Apanhador de utopias...


quarta-feira, 13 de março de 2013

TEMPO


TUDO QUE O TEMPO QUISER.
TUDO QUE O TEMPO ME DER.
TUDO QUE ME FAÇA SONHAR...
MINUTOS OU SORRISOS.
ANOS OU FARDOS DELICIOSOS DE SE CARREGAR.
TUDO NO SEU TEMPO.
PRESENTE OU AUSENTE.
PLURAL OU SINGULAR.
SEMPRE TEMPO.
TEMPO FECHADO.
TEMPO CORRIDO.
TEMPO VIVIDO.
TUDO QUE O TEMPO QUISER.
TUDO QUE O TEMPO ME DER.
TUDO QUE ME FAÇA  AMAR...

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Tortos bandolins"




Na areia quente e macia
Rastros de um som.
No horizonte amarelado
Formas de se distrair.
É tarde...
Muito tarde para todas as estrelas aparecerem.
É tarde...
Para a brisa crepuscular nortear os pés cansados.
É tarde...
Para os grãos de areia fazerem-se castelos.
É tarde...
Por isso caminho...
Por isso caminhas...
Caminhamos por veredas estreitas,
Sobre ovos, sobre o orgulho escaldante do coração
Com o andar pesado, duro, mudo
Ao som dos “tortos bandolins".