terça-feira, 24 de maio de 2011

Pétalas




Pétala por roupa.
Roupa por pétala.
Tão pequena,
Tão perfeita,
Tão distante da minha janela.
A chuva fina rega os meus olhos,
Mas os meus pés são como raízes.
Turbulência infortuna.
Sons e luzes ofuscam a minha contemplação.
Escuridão!
Lentas lágrimas ardentes.
Uma imagem distorcida
Agiganta-se naquela parede.
Atrás da cortina fechada,
Uma silhueta desnuda
Das vestes do meu bel-prazer
Cerra os meus olhos com um profundo não.
Maldito mal-me-quer!
E agora, o que eu faço
Com as pétalas da Valquíria
Que eu não pude despir?

sábado, 7 de maio de 2011

Corpos




















Há um corpo em cima das rosas que eu matei.
Em cima das rosas que eu roubei e eternizei.
Há um corpo em cima dos vestígios de um sentimento qualquer.
Um corpo desnudo e apresado ou quiçá atrasado
Que descobre as vergonhas, espalha e pisa em cima
Das rosas que eu roubei.
Em cima das rosas que eu matei e eternizei.
Há um corpo estranho em cima de um sentimento
Que um dia, acho que foi meu.
Um corpo efêmero que não olha para trás para não se identificar,
Mas deixa marcas e se perpetua sobre as rosas que eu matei.
Sobre as rosas que eu roubei e eternizei.
Há um corpo estranho em cima do meu.
Desnudo e despreocupado
Em cima das rosas que eu matei.
Junto às rosas que eu roubei e eternizei.
Moldurado em um sentimento desenhado
Junto às rosas que eu roubei e eternizei.