sábado, 14 de dezembro de 2013

A moça do S (Mulher plural)



Multiplicas a essência de tudo
O que cativa as tuas retinas.
És o mundo em apenas um dia:
Menina, moça, mulher plural.
Bailarina estrangeira num céu de diamantes.
Atriz naufraga de um passado mais que perfeito.
Da brisa noturna não queres as rimas.
Do pranto cristalino queres apenas os dramas.
Colores de S tudo o que o dia
Oferta-te em tuas mãos intuitivas.
Libérrima e exata.
És, também, irmã das coisas fugidias.
Sonhas, cantas e voas: Colhes a vida!


domingo, 10 de novembro de 2013

"Ego sun qui sun"



Queres-me com métrica, em versos decassílabos,
Mas sou sem regra, sem medida alguma.
Queres-me centrado na página do livro publicado,
Mas sou rabiscado num canto qualquer
De um papel rasgado, amassado.
Queres-me em frases feitas,
Com coerência e coesão,
Mas sou tempestade em letras,
Redemoinhos de consoantes e vogais.
Sou intensidade, velocidade e às vezes saudade
Em metáforas, sinestesias e em onomatopéias.
Sou V
          E
            R
              S
                O
                   S
                     L
                       I
                        V
                          R
                            E
                              S...

         

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Fluxo...



Tinha rios caudalosos tatuados nos olhos.
Correntes cristalinas confluíam no porto de suas palavras,
Passeavam em sua areia aveludada
E eram absorvidas por suas pequenas
Ondas escarlates.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Mulheres parecidas...



Algumas viravam retratos;
Outras, poesias.
Algumas soltavam estrelas;
Outras, ironias.
Eram, todas, mulheres
Parecidas...
Algumas andavam descalças;
Outras, dançavam feito meninas.
Algumas abriam os braços para a chuva;
Outras, liam poemas comigo.
Eram, todas, mulheres
Parecidas...
Algumas deitavam na rua vazia;
Outras, bebiam e riam comigo.
Algumas contavam suas histórias;
Outras, viviam o seu silêncio comigo.
Eram, todas, mulheres
Parecidas...
Eram mulheres.
Todas parecidas.
Apenas parecidas...


sábado, 3 de agosto de 2013

Dias de diamante



Rosas que brotam do carvão.
Vida que surge no solo
Castigado do meu sertão.
À deriva em “alto lar”
Há sempre uma ínfima reminiscência
Para se regozijar.
Dias de redenção...
Um desatino quase providencial
Que se alicerça nas ruínas
Do vivido, do conhecido.
Dias de diamante...
Que eternizam ou quiçá cicatrizam
Um terço sagrado ou profano;
Um quarto com seus colchões no chão
Ou qualquer outra medida
Que possa contabilizar
O que sobrou
Do tambor!


Influências...


          Anseio o diamente com a suas curvas envolventes.
          Lágrimas pelo que não é singular já não derramo mais.
          Tudo o que é belo é real.
          A arte pela arte e nada mais.

          Um retorno à pureza clássica
          Traz à tona olhares e expressões sensuais.
          Textos de Bilac em ordem indireta
          Deixam na contra mão da objetividade quem não sabe ser razão.

          Desejo constante e não idealizado.
          A que está aprisionada no retrato não me interessa.
          A bela não é fera, mas fere quem se faz de fera.

          Mesmo assim, insisto na forma personificada.
          Na aglutinação do ardo labor.
          E por hora, apenas rezo e peço que a pedra preciosa não se parta.

terça-feira, 23 de julho de 2013

Lusco fusco



Vens como o vento:
Bagunças e jogas os Papéis no chão.
Surges como a água:
Nascente que corres crescente,
Que lavas e levas os fuscos.
Toma-me de assalto o silêncio. 
Furta-me o Não.
Ris maliciosamente e diz:
_Perdestes o pretérito imperfeito!
Agora, pontuas estas linhas tortas
E colhes o hoje, pois se não há lusco:
Jaz!

quarta-feira, 17 de julho de 2013

cadeira vazia



Rebelo-me!
Mostro-te as minhas armas: Rosas e Versos.
Liberto-me!
Deixo-te as minhas asas: Sonhos e Orações.
Rejeito o palco por não saber atuar.
Desejo o simples por querer apenas andar.
Revelo-me!
Apresento-te as minhas cicatrizes: Alma e Coração.
Afasto-me!
Oferto-te a minha ausência: Silêncio e Rotina.
Nego o céu por não saber mentir.
Quero o chão por querer apenas seguir.
Rebelo-me, Liberto-me, Revelo-me, Afasto-me
Daquela cadeira vazia.


domingo, 31 de março de 2013

Eu fico meu!



Eu penso em várias cores, em vários tons,
Em máscaras!
Eu sonho em várias línguas, em vários gostos,
Em lágrimas!
Eu fico fosco em várias noites,
Eu fico lusco em várias rimas.
Eu fico louco por tão pouco
Eu fico pouco por tão louco.
Eu fico assim
Tão perto de mim.
Eu fico mim
Tão perto de assim.
Eu fico meu entre três noites
Sem luz.
Eu fico eu no espelho do banheiro.
Eu fico verso e reverso.
Convexo e converso
Com Deus.

terça-feira, 26 de março de 2013

Meros mortais



Avassalador!
Sublime sentimento
Que abalou nossos eus.
Mas não éramos Deuses
Para tal regozijo.
Éramos apenas meros mortais...
Oh Orpheu!clamei por tua Lira,
Sussurrei tua melodia!
Quis, também, enfrentar os leões,
Atravessar os muros
Dos Campos Elísios,
Resgatar a Vida
Do fogo contínuo,
Mas olhei para trás
E cristalizei o Coração Meu
Em terras distantes.
Perdi-me nas lágrimas e nas reminiscências
Do meu idílio.
Cindi-me em meio
A impossibilidade
De perdurar o infinito.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Ecos distantes...



Ecos distantes...
Viajantes recordando
Caminhos e estações.
Não foi por acaso:
Festa, religião e cidade.
Sons para se lembrar desse outono.
Meditações que viajam no ar
Num fio mágico
Como a brisa serene que não leva, mas traz
Memórias, sabores e cheiros.
Como a tarde que arrasta
E se acomoda
Entre as cinzas e o cinzeiro.
Uma música de apenas uma nota  
Que oscila prenuncia as novas
Que chegam e quebram o silêncio,
Ativam o desejo
De imaginar e me apropriar
De histórias e retratos  que eu não moldurei.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Coração Polifônico




Atemporal.
Ausente no tempo presente,
Atrelado nos resquícios do vivido.

Impérvio.
Sem interstícios ou fecho,
Cosido nas reminiscências do perdido.

Com os olhos fechados...
Uma silhueta desaparecida.
Com o corpo coberto...
Uma fragrância esquecida.

Coração polifônico...
Fotográfico, arqueólogo, escritor.

Dialógico.
Em constante contato
Com inconstantes sentimentos.

Onírico.
Em busca de algum lugar
Com outras melodias.

De cabeça levantada...
Uma voz olvidada.
De braços abertos...
Uma impressão idílica.

Coração polifônico
Apanhador de utopias...


quarta-feira, 13 de março de 2013

TEMPO


TUDO QUE O TEMPO QUISER.
TUDO QUE O TEMPO ME DER.
TUDO QUE ME FAÇA SONHAR...
MINUTOS OU SORRISOS.
ANOS OU FARDOS DELICIOSOS DE SE CARREGAR.
TUDO NO SEU TEMPO.
PRESENTE OU AUSENTE.
PLURAL OU SINGULAR.
SEMPRE TEMPO.
TEMPO FECHADO.
TEMPO CORRIDO.
TEMPO VIVIDO.
TUDO QUE O TEMPO QUISER.
TUDO QUE O TEMPO ME DER.
TUDO QUE ME FAÇA  AMAR...

segunda-feira, 11 de março de 2013

"Tortos bandolins"




Na areia quente e macia
Rastros de um som.
No horizonte amarelado
Formas de se distrair.
É tarde...
Muito tarde para todas as estrelas aparecerem.
É tarde...
Para a brisa crepuscular nortear os pés cansados.
É tarde...
Para os grãos de areia fazerem-se castelos.
É tarde...
Por isso caminho...
Por isso caminhas...
Caminhamos por veredas estreitas,
Sobre ovos, sobre o orgulho escaldante do coração
Com o andar pesado, duro, mudo
Ao som dos “tortos bandolins".