sábado, 20 de fevereiro de 2010

Inquietações ou qualquer bobagem


Já não caibo mais dentro de mim.
Sinto-me preso mesmo sabendo que moro do outro lado da rua.
A chave do cadeado desapareceu e o que ficou foram apenas alguns versos livres.
Vestígios de um regozijo quase atroz que acinzentam o meu firmamento.
Há tempos não chove...
Mas faz calor, muito calor.
O suor às vezes se mistura com as lágrimas.
Mas no fundo, não faz muita diferença.
É tudo água.
Vai passar...
Pego-me balbuciando um vocativo qualquer.
Talvez esteja querendo te chamar.
Pero tu nombre
Yo quiero olvidar.
O papel e a caneta.
Ontem podíamos...
Hoje, os "erros" são corrigidos automaticamente.
Saudades daquele fevereiro.
O equinócio das folhas amareladas já não é mais uma boa nova.
Bem aventurado é o verso livre.
A menina dos olhos da inquietação.
Sem fundo ou forma exata,sem moldes anacrônicos.
Falar de tudo e todos sem o pudor de contradizer toda a métrica,toda retórica,apenas dizer...
Dialogar com um eu, com um tu, com você.
Trazer várias vozes para essa trama, para esse drama.
Escrever vários nomes ao léu.
Pero tu nombre.
Yo quiero olvidar.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mais uma dose.


Em algumas noites estou na primeira pessoa do plural.
Em outras, na primeira do singular. Perco-me em meio a minha voz.
Às vezes acompanhada, às vezes não.
Nas bordas do circulo de vidro saio do meu normal habitual.
Minha garganta refrescada, meus sentidos aguçados.
Palavras que brotam do nada e para nada.
É preciso mais uma dose!
Minhas mãos solitárias seguram o cigarro que escreve a inicial do seu nome no ar.
É preciso mais uma dose!
Algumas noites são impares.
Algumas mãos não.
Pelo menos por enquanto ou quem sabe até o sol chegar.
É preciso mais uma dose!
Para ordenar a seqüência dos pensamentos.
Para justificar a necessidade de falar.
Em algumas noites estou monocromático.
Em outras, estou com o pote de ouro nas mãos.
Encarno personagens um tanto improváveis para certos meses do ano.
Que mal há em querer presentear todos com um alguém?
É preciso mais uma dose!
Ninguém compreende minhas lágrimas na hora da novela.
Mas todos fecham os olhos para as tragédias que aparecem no jornal.
Deve ser por isso que na maioria das vezes eu prefira anular o plural.
É preciso mais uma dose?